Ribeyro, Bernardim MENINA E MOÇA OU SAUDADES DE BERNARDIM RIBEYRO, Offic. De Domingos Gonsalves, Lisboa, MDCCLXXXV [1785].


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  • Refª.: l-1001140

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Ribeyro, Bernardim

MENINA E MOÇA OU SAUDADES DE BERNARDIM RIBEYRO, Offic. De Domingos Gonsalves, Lisboa, MDCCLXXXV [1785].

In-8º peq., de (8)-358 pp., encadernado por inteiro em chagrin escurecido e raciné, encadernação possivelmente coeva, c/ nervuras e dourados na lombada.  Edição do séc. XVIII  (a 1ª publicara-se em 1554).

Este exemplar apresenta, nas pp. iniciais não numeradas: a folha de rosto, a dedicatória (a D. Francisco de Sá) e o Prólogo.  Segue-se a obra de Bernardim Ribeiro, em prosa e verso, dividida em 2 Livros (a Menina e Moça), 5 Éclogas e 1 Romance.   Mancha gráfica decorada c/ peq. vinhetas no início dos Livros e florões no remate.  Ligeiramente aparado, c/ iniciais desenhadas manualmente no corte das ff., à cabeça e no pé, e peq. assinatura de posse coeva na última guarda volante.  Ex-libris do séc. XX (bibliógrafo) colado na guarda fixa inicial.

A colação dos cadernos:  §4, A-Y[J,U]8, Z4 (última f. em br.).

Louvada e guardada como exemplo perfeito da novela sentimental escrita em Português (na qual têm sido sublinhados os traços de carácter que tradicionalmente se nos atribuem), conquanto revele influências muito diversas, a Menina e Moça conheceu já diversas atribuições autorais, uma vez que a sua publicação inicial, onde vem incluída no conj. da obra do A. e 1 das obras remete p/ um Crisfal, aparece impressa pela primeira vez em Ferrara (1554), na oficina do judeu português ali exilado, Abraão Usque.  Este facto, aliado ao gr. desconhecimento de dados biográficos credíveis s/ Bernardim Ribeiro, veio tingir muitas das leituras da obra, tendo-lhe sido propostas opções cabalísticas e judaicas, mais ou menos encapotadas.  “A descoberta de um manuscrito novo (datável de cerca de 1546, ou seja, de pelo menos oito anos antes da data da primeira impressão da novela), contendo textos bernardinianos obrigou no entanto  a matizar as leituras hebraísticas da obra de B. R.  Eugenio Asensio, que estudou minuciosamente o documento, destaca algumas diferenças significativas entre a lição de Ferrara e o citado manuscrito, para concluir que a edição de Usque constitui outrossim uma adaptação judaizante consumada a partir de um original distinto.  A isenção de marcas judaicas caracteriza, aliás, também a edição de Évora (1557), de André de Burgos, conhecida por consagrar o aditamento de um conjunto de capítulos apócrifos.”  (in Biblos, t. IV, Verbo, Lx/S. Paulo, 2001, as colunas 782-3, entrada assinada por José A. Cardoso Bernardes)

Não é, no entanto, consensual uma tal leitura: Helder Macedo (Do Significado Oculto da «Menina e Moça», 1977) e, mais recentemente,  Antº Cândido Franco (O Essencial Sobre Bernardim Ribeiro, 2007) são 2 exemplos de autores cuja proposta interpretativa lê esta obra de Bernardim sob uma luz judaïzante.

Além das edições acima referidas, a de Ferrara (1554) e a de Évora (1557), apareceram, ainda no mesmo século a de Colónia, de Arnold Birckman, de 1559 e, no seguinte, a de Paulo Craasbeck, de Lisboa, de 1645.  No séc. XVIII, a única  edição conhecida é a do exemplar aqui presente, que segue, no conteúdo, a de 1645 (que seguira, por sua vez, a de Évora), excepção feita à pág. de rosto (c/ mudança do título) e às licenças.

Sobre Bernardim Ribeiro (Torrão ?, 1482 ?-1552 ?), ver nota biográfica aqui.   

Estado de conservação:   encadernação sólida; pequeninas faltas na extremidade da pasta post.; acidez ligeira do papel; peq. defeitos do papel das guardas; sinais de manuseamento ligeiros.

Dim.:  15 x 10,5  cm