Silva, T[ereza] Ang[eli]ca da MANUAL DE ORAÇOÊS para Assistir ao Sacrificio da Missa, com uma oraçaõ para implorar a Misericordia Divina contra o flagello dos terremotos, Bonardel e du Bux livreiros, Lisboa, 1756.
Silva, T[ereza] Ang[eli]ca da
MANUAL DE ORAÇOÊS para Assistir ao Sacrificio da Missa, com uma oraçaõ para implorar a Misericordia Divina contra o flagello dos terremotos, Bonardel e du Bux livreiros, Lisboa, 1756.
In-16º, de 160 pp., encadernado por inteiro em pele castanha c/ nervuras e dourados nas pastas e lombada. Tem guardas em papel de fantasia, texto grafado em letra de forma e cursiva e está recheado de gravuras de pág. inteira. Apresenta no verso da folha de rosto a indicação dos locais de venda, depois vem a dedicatória (assinada T. Ang.ca da Silva), o prólogo (que não é mais que uma nota ao leitor), uma “Taboada das Festas mudaveis”, um calendário hagiológico, antecedendo o texto das Orações.
O livrinho está todo ele aberto a buril em papel encorpado, apresentando todas as pp. c/ esquadria dupla e adornado de peq. decorações florais, vegetalistas e estilizadas que acompanham os títulos; tem, ainda, capitulares decoradas e 41 gravuras de pág. inteira.
2ª edição, em tudo igual à original, apenas acrescentada na oração final que implora a protecção divina contra terramotos, perfeitamente compreensível, aliás, uma vez que esta publicação data do ano seguinte ao terramoto de 1755.
A 1ª edição da obra, que saíra em 1732, consta “de 158 pag., todas abertas em chapas de metal, e adornadas com diversas vinhetas e ornatos, incluindo quarenta e uma estampas allusivas aos mysterios da missa, etc. E posto que pela execução se não recommenda notavelmente a obra como primor da arte, não deixa contudo de ser mui curiosa a diversos respeitos, e até uma verdadeira raridade bibliographica, pois que della não vi ainda mais que dous exemplares, um em poder de um amigo, e outro que o acaso me deparou ha annos em uma loja, onde o comprei com outros livros usados.
Confesso que em vista do silencio absoluto, que a respeito da auctora e do livro guardam todos aquelles que de uma e do outro deveriam dar-nos noticia, entrei na desconfiança de que bem poderá ser o nome da indicada auctora um pseudonymo, com que procurasse encobrir-se algum dos nossos gravadores, por motivo de difficil averiguação. Entretanto, é facto que o dito nome vem assignado no fim da dedicatoria a el-rei D. João V, circunstancia até certo ponto attendivel para attestar a sua realidade”. Innocencio da Silva no seguimento da dúvida que expôs (VII, 316) e da formulação que adiantou quanto ao verdadeiro autor, vai afirmar, no vol. XIX da mesma obra (Diccionario Bibliographico Portuguez), a p. 256: “informa um dedicado amigo e obsequiador do Dicc. que effectivamente o nome desta auctora occulta um pseudonymo, que é de Carlos Rochefort, como se vê bem claro na vinheta que antecede a dedicatoria (pag. 3), onde se lê em caracteres microscopicos C. de Rochefort scu., e na pag. 45 Rochefort filius sc...»
Ernesto Soares, contudo, não partilha desta opinião. Diz ele: “Que o nome de Rohefort e a sua acção de aguafortista se patenteiam ao simples exame da obra, não pode restar dúvida alguma, que há na verdade certo desleixo na abertura de muitas das páginas, quer por industrialização, quer por inhabilidade, também é um facto, agora que se pretenda com o nome da autora ocultar o de um artista que tão claramente assina o seu nome, tal como faziam todos os outros, é que não nos parece aceitável. Como simples opinião diremos que não vemos inconveniente em aceitar a existência da artista, ou nóvel artista, Teresa Angélica da Silva que trabalharia debaixo das indicações de um abridor que não quis deixar de assinar o seu nome nas estampas que foram exclusivamente do seu buril.
Se na gravura portuguesa é esporádico o caso de uma gravadora, indicando o seu nome, no século seguinte é muito vulgar na litografia verem-se senhoras assinando produções desta natureza.” (in Ernesto Soares, História da Gravura Artística em Portugal, v. II, Livr. Samcarlos, Lisboa, 1971, a p. 529)
Pedro de Massar Rochefort (1673 ou 75 –c.1740) era gravador de méritos atestados quando veio para Lisboa, a convite de D. João V, para fundar a tipografia de gravação da Academia Real de História Portuguesa. Terá chegado por volta de 1726 ou 28, com a família, e por cá permaneceu. Deixou muitas gravuras de excelente qualidade e conhecem-se outros trabalhos seus (o traço para os arcos cénicos executados para os festejos do casamento de D. José, por ex.) de igual merecimento artístico. O seu filho Charles de Rochefort seguiu as pisadas do pai, embora não se conheça mais informação biográfica. Assinou algumas chapas de boa qualidade, c/ P. Rochefort filius, ou Rochefort filius, ou C. de Rochf. e foi, possivelmente, ajudante do seu pai.
Estado de conservação: encadernação c/ desgaste e peq. faltas nas extremidades; faltam as guardas volantes; papel c/ ligeira acidez, manchas e sinais de uso; 1 folha c/ falta mínima na extremidade; anotação manuscrita no topo da folha de rosto e junto à data.
Dim.: 12,5 x 6 cm